sábado, 9 de fevereiro de 2013

Silvio Santos

EM CONSTRUÇÃO

Silvio Santos, é o nome artístico de Senor Abravanel nascido no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1930, é um prestigiado apresentador de televisão e empresário brasileiro. Dono do Grupo Silvio Santos, que inclui empresas como a Liderança Capitalização (administradora da loteria Tele Sena), a Jequiti Cosméticos e o Sistema Brasileiro de Televisão (mais conhecido como SBT).

Certidão de Silvio Santos
Filho primogênito de Rebeca Caro (Esmirna, Turquia, 3 de Janeiro de 1907 - Rio de Janeiro, 20 de Setembro de 1989) e Alberto Abravanel, (Tessalônica, Império Turco Otomano, atual Grécia, 15 de Março de 1897 - 28 de Outubro de 1976) ambos judeus, Alberto saiu de Tessalônica, para fugir do alistamento militar obrigatório, alistamento do qual só era possível se livrar com o pagamento de 50 libras turcas, como ele não possuía essa quantia, decidiu ir então para Atenas, na Grécia e trabalhou como jornaleiro, depois ele migrou para Marselha na França, aonde foi vendedor de amendoim e pistache, como o trabalho era ilegal foi expulso e acabou vindo para o Rio de Janeiro em 1924, aonde trabalhou no cais do porto, após um tempo juntou dinheiro e abriu uma loja com artigos para turistas, no Rio, conheceu Dona Rebeca Caro, na comunidade judaica que já morava na região da Lapa, comunidade judaica essa da qual também faziam parte a família Bloch.

Dona Rebeca e Seu Alberto tiveram 6 filhos, Senor, Beatriz (já falecida), Perla, Sara (Sarita), Leon (Leo, já falecido) e Henrique.

Familia Abravanel


Villa Ruy Barbosa em 1905

Silvio Santos nasceu na Vila Ruy Barbosa, travessa Bentevi, o local não existe mais, e fica na atual Rua Gomes Freire, no boêmio bairro da Lapa, região central do Rio de Janeiro.

Silvio Santos quando criança

Durante a infância, uma das maiores diversões de Silvio era ir ao cinema ao lado de Léo, seu irmão mais novo. Os cinemas favoritos da dupla ficavam na Cinelândia, no Rio, e eles sempre tentavam entrar nas sessões dos filmes sem pagar. Em um certo dia da década de 40, Silvio acordou gripado e com um pouco de febre, Dona Rebeca, sua mãe, proibiu que ele e seu irmão fossem ao cinema naquela ocasião. Ele ficou bravo, chorou e pediu para que sua mãe mudasse de ideia. Ela não se convenceu e os irmãos ficaram em casa. No dia seguinte, Silvio descobriu que o cinema havia pegado fogo e várias crianças tinham ficado feridas.2

Silvio Santos provável foto em frente a loja do pai

Com uma infância pobre, Senor roubava leite na porta da casa dos vizinhos e foi uma criança muito traquinas, com o horário para chegar em casa, certa vez ele não chegou a tempo e sua mãe deixou-o do lado de fora, ele acabou dormindo em um carro, ele com certeza deve ter dado muito trabalho a Dona Rebeca Abravanel, que tentando impor limites ao filho, quanto ao horário de chegar em casa, desligava a luz para que Senor tomasse banho frio, e mesmo assim ele não se fazia de rogado, tomava banho com água gelada mesmo, aos 12 anos sem poder entrar nos salões de sinuca ficava do lado de fora apostando no taco dos jogadores, e afim de levantar algum dinheiro, junto com um amigo, recolhia caixotes de feira, para alugar no carnaval.

Video em comemoração aos 80 anos de Silvio Santos 


Senor Abravanel estudou no colégio Celestino da Silva, o colégio existe até hoje na Rua do Lavradio no Rio de Janeiro. Um fato curioso, Silvio em uma palestra no aniversário de 30 anos do SBT, comentou que quando estudava nesta escola, no recreio, ele vendia doces, na intenção de ganhar dinheiro para comprar outros doces, possivelmente mais caros, ou seja, o talento de um gênio das vendas, já se mostrava na infância.

Colégio Celestino da Silva

Logo depois ele foi para a Escola Técnica de Comércio Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, aonde se formou em contabilidade, o colégio ainda existe.


Escola Estadual Amaro Cavalcanti

O verdadeiro talento do jovem Senor apareceria aos 14 anos de idade, um dia, enquanto ele andava pela avenida Rio Branco, no centro da cidade, observou um homem que vendia com facilidade, algumas capinhas de plástico, para títulos de eleitor, isso foi em 1945, e aquelas eram as primeiras eleições em 15 anos, desde a chegada ao poder de Getúlio Vargas. Silvio descobriu o local em que o vendedor reabastecia seu estoque de produtos e percebeu que ele obtinha lucro com isso ele então comprou uma carteirinha e revendia sempre com a tática de dizer que eram a últimas. 

Mais o produto que tornaria Senor um camelô famoso nas ruas do Rio de Janeiro eram as canetas, trabalhando geralmente entre a Avenida Rio Branco e a  esquina da Rua Sete de Setembro, junto com o irmão Leon e Pedro Borboleta, sobrinho de Adolpho Bloch, futuro dono da Rede Manchete, já extinta.

Os garotos trabalhavam para Silvio como "faróis", denominação dada a quem ficava de vigia, um pouco mais a frente, observando se a polícia viria fazer o "rápa", outra denominação, dada a repressão da polícia aos camelôs. Silvio trabalhava como camelô apenas 45 minutos por dia, que era o tempo do almoço do guarda que trabalhava na localidade aonde vendia seus produtos, enquanto o guarda almoçava, geralmente em um bar, sob a vigília de Leon, aquele que viria a ser o camelô mais famoso do Brasil, abria sua banquinha.
Silvio Santos bem jovem


Foi com a venda das canetas que Silvio obteve seu primeiro sucesso como camelô, ele havia observado um outro comerciante do centro da cidade do Rio de Janeiro, um alemão, chamado senhor Augusto, ele vendia mais do que todos os outros camelôs, e Silvio ficou intrigado do por que do sucesso, então passou a observar que enquanto vendia suas canetas, o alemão, se demorava muito explicando, todas as possibilidades de uso, e funcionalidades da caneta, bem como, falando do seu desenho elegante, enfim, se atendo aos detalhes do produto, no dia seguinte, Silvio seguiu seu Augusto até o local aonde ele comprava as canetas e as comprou também, em pouco tempo, o jovem Abravanel já vendia mais canetas que o alemão, em um ponto mais afastado. Com um talento estupendo pra comunicação e fazendo alguns pequenos truques de mágica com moedas e cartas, o prodígio camelô conseguia o equivalente a três salários mínimos em um único dia de trabalho.

Pois foi oi justamente  a vida de camelô que acabou levando o jovem ao rádio, certo dia, em que ele não conseguiu escapar do rápa, um fiscal de posturas da prefeitura, chamado Renato Meira Lima, estava prendendo camelôs no centro do Rio por vadiagem, mas sensibilizado pela pouca idade de Silvio, e reparando em sua eloquência, ao invés de levá-lo para o juizado de menores, deu-lhe um cartão para que fosse procurar um amigo dele na Rádio Guanabara  chamado Jorge de Matos,  dono do café Globo, chegando à Rádio, por coincidência, estava sendo realizado um teste para o preenchimento de uma vaga de locutor, cerca de 300 candidatos se apresentaram, Silvio tirou o primeiro lugar, ficando em segundo lugar Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, mais conhecido como Chico Anysio.
Silvio e Chico Anysio, muitos anos depois daquele concurso



Café Globo, existe até hoje 



Porém, mesmo tendo ficado em primeiro lugar, Silvio não permaneceu por muito tempo como locutor, isso por que o salário era de 1.300 Cruzeiros (um conto e trezentos como se dizia na época) e Silvio tirava em um dia como camelô, trabalhando apenas 45 minutos por dia, cerca de 960 cruzeiros, sendo assim achou melhor abandonar a carreira artística e voltar pras ruas como camelô.

Silvio Santos perdeu a virgindade aos 14 anos, com uma prostituta na Lapa, na Rua Ubaldino do Amaral, ele mesmo contou essa história em 1988 quando respondeu a perguntas no seu Programa de Calouros.

Virgindade



Em 1949, o jovem Senor se viu obrigado a largar o trabalho de camelô por conta do serviço militar obrigatório, ele se alistou no exército, e serviu na brigada paraquedista em Deodoro, na época um bairro muito distante, mais ainda dentro da cidade do Rio de Janeiro, o soldado Abravanel serviu junto, na brigada com, Tony Tornado.

Tony Tornado e Silvio Santos, muitos anos depois da Brigada Paraquedista




Silvio Santos na brigada paraquedista

Pois foi justamente por conta do serviço militar que Silvio resolveu volta a carreira de locutor, com um imenso receio de ser pego pela Polícia do Exército, exercendo a profissão de camelô, ele achou por bem, trabalhar como locutor de rádio no finais de semana, e conseguiu um emprego como locutor em uma rádio em Niterói.



Desde jovem um talento na comunicação



Silvio Santos Jovem

Colega de Trabalho e Macaco de Auditório

Trecho do livro A Fantástica História de Silvio Santos. página 23.  Editora do Brasil. Ano 2000


Entrevista com Silvio: "Isso tudo aconteceu quando eu tinha 14 anos, nesse época haviam dois grandes ídolos: César de Alencar e Heber de Boscoli, marido da estrela Yara Salles. Eu gostava muito do César de Alencar. Ele sempre foi um homem que eu admirava, porque quando eu chegava à escola - eu estava no ginásio naquele tempo -, as moças, na segunda-feira, só falavam nele. Eu tinha, assim, um pouco de ciúme do César, porque as meninas falavam muito nele e até pareciam apaixonadas por ele. Eu, então comecei a ouvir o César de Alencar na Rádio Nacional e realmente gostava do programa dele. Havia sábados em que eu ouvia o programa do começo ao fim. Nessa época eu tinha uma namorada na Guanabara, que chegou a ser minha noiva, e na casa dela só se ouvia o César de Alencar. Como eu ia para lá aos sábados, ficava ouvindo também. Era, realmente, um animador do qual eu gostava. Havia outros animadores famosos na Guanabara, como o Aerton Perlingeiro, o Chacrinha, o João de Freitas, o Jorge Cury, o Carlos Frias o Manoel Barcelos. Eu, como locutor, imitava o Osvaldo Luiz, que tinha a voz muito parecida com a do Carlos Frias. Eu gostava do Manoel Barcelos e fui ao seu programa várias vezes. Tinha tempo para ir aos programas porque, como já disse, trabalhava como camelô apenas 45 minutos por dia, no horário de almoço do guarda. Depois, ficava com o tempo livre e ia aos auditórios de rádio, principalmente os do Heber de Boscoli, que ficava perto do quartel-general dos camelôs. Os camelôs frequentavam um bar na Praça Tiradentes, encostado ao Cine São José, e o programa de Heber de Boscoli com Yara Salles e Lamartine Babo era feito no Teatro Carlos Gomes, ali perto. Então, como depois do almoço, eu não tinha nada para fazer, ia ver as brincadeiras do Trem da Alegria, o programa de Heber, Yara e Lamartine, que marcou época no rádio carioca como 'O Trio de Osso', porque os três eram magricelas. Por essas razões consegui assimilar os estilos de César de Alencar e do Heber de Boscoli, apesar de serem dois estilos diferentes, não imitando um ou outro, mas observando como eles se comunicavam com o público. O Heber dizia: 'Quem é que está com um sapato da Cedofeita no pé?'. Ai todo mundo respondia: 'Eu, eu, eu!. 'Quem é que trouxe o talãozinho?'. 'Eu, eu, eu. Então aquele bate papo que o Heber de Boscoli tinha com o auditório é praticamente o bate-papo que hoje eu tenho com o auditório e aquela maneira de como o César de Alencar falava é praticamente a maneira como eu falo hoje. Assim, o Heber de Boscoli e o Cesár de Alencar tiveram muita influência na minha vida profissional, na minha vida de animador de programas. Como se vê eu também frequentava os auditórios para aplaudir os ídolos de então, talvez mais interessado em fazer observações de natureza profissional. Isso não quer dizer que eu não tenha sido também, 'colega de trabalho e macaco de auditório'.

"Ás vezes me perguntam: e qual é a origem do nome Silvio Santos? A coisa foi assim: minha mãe costumava chamar-me de Silvio em vez de Senor. Um dia, quando fui entrar no programa de calouros do Jorge Cury, o Mario Ramos, produtor, perguntou o meu nome. 'Silvio', respondi. 'Silvio de que?'. Eu disse Silvio Santos - porque os Santos ajudam'. Foi um estalo que me deu, uma coisa do momento que pegou. Também foi uma maneira de disfarçar, porque meu nome Senor Abravanel, já estava muito manjado nos programas de calouros, pois eu sempre ganhava alguma coisa. E ficou Silvio Santos até hoje, tanto que nas minhas malas de viagem eu coloco a etiqueta 'Silvio Santos Senor Abravanel'".

César de Alencar


Aos 18 anos, Silvio precisou dar uma pausa na vida de camelô para se dedicar ao exército. Ele serviu na Escola de Paraquedistas de Deodoro e chegou a dar alguns saltos considerados bons. Silvio tinha folgas aos domingos e usava o dia para trabalhar de graça em uma rádio no Rio de Janeiro, começou na Rádio Mauá, nos programas de Silveira Lima, e o acompanhou por outras rádio em que o mesmo viera a trabalhar, no período em que estava no exército, Silvio achou melhor não trabalhar mais como camelô, pois tinha receio de ser pego, o que seria por demais vergonhoso para um soldado do exército, sendo assim seguiu a carreira no rádio, acompanhando Silveira Lima e ganhando cerca de 2 contos por mês, porém ele achava essa renda muito pouca, e tentava complementar os ganhos, fazendo figurações na Tupi, o que achava ainda insuficiente.

Silvio Santos e uma carreira no rádio

Algum tempo depois e após passar por várias emissoras de rádio, Silvio começou a trabalhar como locutor na Rádio Continental, que tinha os estúdios em Niterói. Para voltar ao Rio de Janeiro, ele utilizava a barca que liga a cidade à capital do estado. Em uma dessas viagens, ele teve a ideia de colocar música na barca. Pediu demissão da rádio, pegou o dinheiro e comprou o necessário para realizar a novidade. 

O Auto-falante na Barca de Niterói

Trecho do livro A Fantástica História de Silvio Santos. página 26-27.  Editora do Brasil. Ano 2000

Entrevista com Silvio: "Eu trabalhava na Continental das 22 horas até a meia-noite. Saía as pressas e tomava a última barca que deixava Niterói com destino ao Rio de Janeiro, mais ou menos a meia-noite e quinze. Era uma tranquilidade aquele mar calmo e aquele luar refletido na água. Também havia muita mulher bonita nessa viagem da meia-noite. Eram bailarinas que moravam no Rio e trabalhavam em Niterói. Como a última barca saia a aquela hora, elas deixavam o seus dancings e cabarés e voltavam pra casa, muitas se tornaram minhas amigas e batíamos longos papos, durantes os quais elas contavam seus dramas e se abriam contando problemas e anseios. Muitas eram empregas no comércio ou em bancos, e até mesmo em repartições, e para reforçar seus salários iam dançar em Niterói, ou fazer companhia aos fregueses que chegavam aos inferninhos para beber. Preferiam os bares e dancings de Niterói, por que eles eram menos exigentes e elas podiam voltar pra casa mais cedo, tendo que ir trabalhar em outro empego no dia seguinte. Nessa viagens de Niterói para o Rio durante a noite, surgiu a ideia de colocar música na barca para animar um pouco as viagens. Pensei comigo: para colocar um serviço de auto-falantes na barca, precisava de dinheiro, e eu não tinha dinheiro, nem para comprar os amplificadores, nem os auto-falantes. Mas eu tinha que arrumar uma saída. Pedi demissão da Continental, onde tinha um ano e pouco de casa. Eles me pagaram as férias, me pagaram o mês de aviso prévio, o ano de indenização e, com esse dinheiro no bolso, fui até uma casa que vendia eletrodomésticos, a J. Isnard, na esquina da Rua Buenos Aires com Andradas. Fiz um acordo com eles. Eles me ofereciam os auto-falantes e eu, durante um ano, trabalharia para eles, fazendo anúncios grátis do refrigerador Clímax, do qual eles eram revendedores exclusivos. Eles toparam. Ofereceram-me a aparelhagem, montei-a na barca e passei a ter quatro locutores, um dos quais era o Celso Teixeira, que trabalhava ao meu lado, em um período; o Léo, meu irmão, trabalhava em outro período. Eles ficavam nas barcas, dia e noite, trabalhando 18 horas, e eu parti para outra atividade: tornei-me corretor de anúncios para esse serviço de auto-falantes nas barcas da Cantareira, passei a ganhar mais do que como camelô. Foi nesse momento que o espírito do camelô morreu definitivamente dentro de mim. Nasceu, em seu lugar, um espírito muito mais forte: o de homem de negócios e dono de um empreendimento próprio."

"Ao instalar o serviço de alto-falante na barca, deixei de ser, portanto, locutor de rádio. E confesso que já não gostava de ser locutor, nem mesmo na barca, mesmo sabendo que estava trabalhando em um negócio meu. Já estava, de fato, empolgado com a profissão de corretor de anúncios e homem de negócios. Gostava de visitar clientes, conversar com eles para fazer transações, oferecer meus serviços, firmar contratos de publicidade. Nas horas do rush - de manhã, ao meio-dia e à tarde -, cada barca carregava cerca de duas mil pessoas, de modo que meus anúncios, tinham grande efeito, porque era a única coisa que se podia ouvir durante o tempo de percurso, com intervalos musicais. Nos sábados a tarde, o serviço de auto-falante não funcionava porque o movimento nesse dia, depois do almoço, era muito fraco, depois que fechava o comércio no Rio de Janeiro e em Niterói. Então, nós folgávamos aos sábados à tarde. E folgávamos também aos domingos, porque nesse dia a barca ia para Paquetá levar turistas. Naquele tempo, a viagem do cais do Rio até Paquetá durava duas horas. Era uma daquelas velhas barcas, que nem sei se ainda funcionam. Hoje acredito que as barcas façam o mesmo percurso em uns 50 minutos. Naquele tempo elas saíam do Rio as 7 horas da manhã e retornavam as 7 horas da noite. Na barca iam grupos de pessoas, que se reuniam para fazer piqueniques em Paquetá - um lugar realmente maravilhoso. Então tive uma ideia: como eu gostava muito de praia, passei a ir com a barca para Paquetá. Passava lá o dia, ia a praia, andava de charrete e bicicleta, paquerava a beça e à noite voltava. Mas isso foi bom umas duas ou três vezes. Depois o passeio tornou-se monótono. Todo mundo ficava meio impaciente com a demora da viagem. Então eu ligava o meu serviço de auto-falantes, executando musicas para a viagem se tornar menos cansativa. Os passageiros gostavam muito. Verifiquei que enquanto a música tocava, muita gente dançava. Todo mundo se cansava e ficava com sede. Formava-se uma fila enorme para tomar água no bebedouro da barca. O problema é que as vezes a água acabava. Pensei muito naquilo e cheguei a conclusão de que dali poderia surgir um bom negócio. Achei que precisávamos colocar, além da musica, um bar para vender refrigerantes e cerveja, para as pessoas tomarem quando a água acabasse. E pus mãos à obra. Fui até a Companhia Antárctica e pedi que eles me emprestassem um balcão de madeira, algumas tinas daquelas grandes de gelo, que ainda são usadas até hoje e, comecei a vender cerveja e guaraná na barca. A venda ia bem, mas como eu já estava com vontade de ser animador, resolvi colocar um bingo dentro da barca. Cada pessoa que comprasse um guaraná ou uma cerveja, recebia uma cartela e um lápis pra marcar o bingo. No meio da viagem pra Paquetá, eu parava a música, parava o baile, o pessoal sentava no bancos e começava o bingo. E eu dava prêmios. Quem fizesse a linha de cima, ganhava um bolsa de plástico. Quem fizesse a de baixo, ganhava um quadro da ultima ceia e quem fizesse a cartela inteira ganhava uma jarra, que custava naquele tempo, cerca de 80 ou 100 cruzeiros. Todo mundo começava a jogar. E, quanto mais jogava, mais compravam fichas e guaraná e cerveja, para receber mais cartelas de bingo. O negócio cresceu tanto que eu me transformei no primeiro freguês da Antarctica no Rio de Janeiro, isto é, o cliente que mais vendia refrigerantes e cervejas. Foi ai que eu fiz amizade com o diretor da Antarctica, um paulista. Sendo amigo dele, quando a barca sofreu um acidente, teve o eixo quebrado e foi para o estaleiro, fiquei com os meus negócios também parados. A barca devia ficar em reparos por cerca de 3 meses, não poderia fazer propaganda da companhia porque meu bingo estava no estaleiro"

Silvio Santos um empreendedor


"Daí que aconteceu do diretor da Antarctica me convidar para vir até São Paulo com ele, fazer um passeio. Disse-me 'Vamos a São Paulo, vou lhe mostrar a minha terra, você vai ver como é a locomotiva que puxa todos esses vagões'. Ele era um paulista bem bairrista. Eu, para não ser antipático, já que ele fizera o convite com tanta gentileza e estava com muito boa vontade comigo, aceitei. Peguei um terno escuro que eu tinha e vim de automóvel com o diretor da Antarctica. Fiquei hospedado em um hotel da rua Aurora, que fica no centro da cidade, em uma parte que hoje chamam de boca do lixo. Como o destino tem estranhos caminhos, certa noite eu estava na Avenida Ipiranga, esquina da São João, no famoso bar do Jeca, vendo aquele movimento de gente, quando encontrei um locutor paulista que havia trabalhado comigo na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, ao qual eu tinha ajudado em certa ocasião. Ele era muito tímido. Fazia o radiojornal comigo, de manhã, e eu o ajudei no que pude. Então, alia na esquina da Ipiranga com a São João, encontramo-nos, abraçamo-nos, porque fazia tempo que não nos víamos, e ele perguntou se eu não era mais locutor. Contei que agora possuía um serviço de auto-falantes na barca de Niterói. Ele comentou que a Rádio Nacional estava precisando de locutores. Disse que o irmão do Jorge Cury ia se casar e sair 'Você por ir até lá fazer um teste. Eles estão procurando locutor há mais de 20 dias. Já fizeram testes com uma porção de gente. Quem sabe você não faz o teste - você é bom locutor - e passa'. Eu disse que não ia fazer o teste não e perguntei se havia programas de calouros por aqui. Ele disse: 'Tem o do Jayme Moreira Filho'. Perguntei se ele sabia qual era o prêmio que eles davam



Silvio e os anúncios da barca

A Genealogia de Silvio Santos

Trecho do livro A Fantástica História de Silvio Santos. página 240-246.  Editora do Brasil. Ano 2000



A história da família Abravanel está intimamente ligada a história da imigração judaica pelo mundo ao longo dos séculos. O primeiro Abravanel de que se tem notícia foi Judá Abravanel, que viveu em Córdoba e Sevilha (Espanha) no final do século XIII, este foi tesoureiro e coletor de impostos de Sancho IV e Fernando IV, Reis de Castela, ele foi responsável por colocar o nome Abravanel entre homens ilustres da Idade Média.

Os pais e avós de Judá Abravanel foram prósperos mercadores que emprestavam dinheiro ao poderosos, e depois eram reembolsado mediante ao privilégio de poder cobrar diretamente do povo os tributos devidos ao governo.

Brasão da Família Abravanel

Abravanel conforme registros históricos, na sua origem não somente um sobrenome, mas um título honorífico, concedido aos membros da família do Rei David, a palavra é composta pelas palavras hebraicas AB-RABAN-EL (pai-Senhor-Deus), ou parafraseando, representante de Deus. O sobrenome Abravanel é diminutivo de Abrahão. Para Judá Abravanel, a palavra tem realmente significado mais importante: "Filho do Filho de Deus", uma espécie de título dado aos descendentes do Rei David.

Com as mudanças linguísticas ao longo dos séculos, e com a separação das famílias que portavam o sobrenome Abravanel, devido a perseguições, dentre outras coisas, o sobrenome Abravanel adquiriu muitas formas, como por exemplo: Abarbanel, Abrabanel, Barbanel, Barbanel, Barbinel, Barbanelsky, Abarbarchuk e etc.

No século XIV, outro Abravanel se destaca na história, era Samuel, tesoureiro real de Castela, que durante distúrbios anti-semitas de 39 converteu-se ao catolicismo, adotando o nome de Juan Sanches de Sevilha.

Porém o personagem mais importante da história da família Abravanel foi Dom Isaac Abravanel, que nasceu em Lisboa em 1433 e faleceu em Veneza em 1508. Ele se apresentava como "Isaac, filho de Judá, Filho de Samuel, Filho de Judá, Filho de José, Filho de Judá, da família Abravanel, todos chefes dos filhos de Israel, da origem de Isai de Belém, da família da dinastia de David". Ou seja, ele identificava a origem da sua família em David bem Isai, segundo rei de Israel.
Dom Isaac Abravanel (1443-1508)

Dom Isaac Abravanel recebeu uma educação esmerada. Foi iniciado na erudição judaica, bem como na ciência e na filosofia profanas. Seguindo a tradição de seus ancestrais, Dom Isaac notabilizou-se pela capacidade de lidar com dinheiro e, por isso, aos 20 anos, foi ministro das finanças do Rei Afonso V de Portugal, tornando-se seu amigo e conselheiro. Quando Afonso V morreu em 1481, subiu ao trono D. João II. Dom Isaac Abravanel envolveu-se em uma conspiração contra o novo monarca, que malogrou. Seus companheiros de rebelião, os Duques de Bragança e Viseu, apesar de primos do Rei, foram executados, os bens do Dom Isaac foram confiscados, mas ele conseguiu fugir para a Espanha, fixando-se em Toledo (castela), onde alcançou muito depressa, posição de prestígio junto a coroa espanhola, Fernando e Isabel, os reis católicos, tinham-no na mais alta consideração e sua influência sobre eles era considerável. Como Ministro das Finanças dos Reinos Unidos de Castela e Navarra, Dom Isaac Abravanel participou do trabalho para reunir recursos para a expedição de Cristóvão Colombo à América, fazendo coleta no seio da comunidade judaica.

Mas apesar de sua influência sobre os reis católicos Fernando e Isabel, Dom Isaac Abravanel tinha contra si o poderoso monge Torquemada, que transformou a Inquisição em um instrumento de terror contra os judeus.

Durante muitos anos os Fernando e Isabel resistiram às pressões de Torquemada. Os soberanos precisavam da ajuda dos judeus para a reconquista de Granada, último reduto muçulmano no território espanhol. Dizia-se que o próprio Rei Fernando tinha em suas veias sangue judeu.

Tomás de Torquemada


Em de 2 de Janeiro de 1492, Isabel e Fernando entraram triunfantes, em Granada, concretizando um ideal pelo qual haviam lutado gerações de espanhóis. Granada estava em poder dos muçulmanos desde que eles haviam conquistado a Península Ibérica, no século VIII. Para essa vitória muito contribuíram os judeus espanhóis, que forneceram tantos recursos financeiros quanto homens. Para se avaliar quão incruente era essa guerra, basta dizer que a batalha final pela libertação durou 10 anos.

Cerca de três meses após a libertação, veio a grande desilusão. A 31 de março de 1492, na Corte dos Leões, no Palácio Alhambra, de Granada, vencidos pelas pressões de Torquemada, Fernando e Isabel, assinaram o decreto de expulsão dos judeus da Espanha, dando-lhes o prazo de quatro meses. O decreto generosamente autorizava-os a carregar com eles, por terra e por mar, "tudo o que pudessem carregar, contanto, que não fosse nem ouro, nem prata, nem moedas de ouro, e outros objetos cuja exportação era proibida". Após a data fixada, todo judeu que se encontrasse em território de Espanha teria de escolher entre o batismo cristão e a morte.

Em vão Dom Isaac Abravanel suplicou aos soberanos que reconsiderasse a decisão. Ele ofereceu 30 mil ducados de ouro em troca da revogação do decreto. Impressionado, Fernando teve um momento de hesitação. Torquemada, então jogou um crucifixo aos pés do rei exclamando: " Judas vendeu seu mestre por 30 moedas de prata e vós quereis vendê-lo por 30 mil moedas de ouro. Então toma-o, vende-o".

Fernando e Isabel (os Reis católicos)


Dom Isaac Abravanel resistiu bravamente à proposta dos reis para que ele e sua família se convertessem ao catolicismo e permanecessem na Espanha, com a garantia de que não seriam molestados. Ele recusou a proposta e partiu  com sua família para Nápoles, depois para Corfu, depois para Monopoli (no Norte da África) e, por fim, Veneza. Foi ali que passou os último dias de sua vida, dividindo-os entre as atividades políticas e as ocupações literárias.

Dom Isaac Abravanel morreu em Veneza, em 1508, e está sepultado em Pádova.

Dom Isaack teve um filho Judá Abravanel, que se tornou o Leão Hebreu, este gerou Isaack, e este a Judá Hiyya, que se casou com Esther Ibn Yahia (pertencente a outra dinastia originada por David). O casal gerou a Shen'ur (Señor) e este a David, que por sua vez, gerou Joseph, e este gerou a Isaack, que gerou Señor, que gerou Abham, que gerou a Señor Abraham Abravanel. Este último casou-se com Doudon Bendavid, porém o casamento não vingou. Mas antes da separação tiveram dois filhos: Sarah, que migrou para os EUA, onde se casou com David Isaac Eskenazi e outro filho chamado Alberto.

Com a separação dos pais ainda em Salônica, mais o medo de ser convocado para servir no exército turco, a falta de perspectivas futuras (já que trabalhava como jornaleiro), motivaram Alberto Abravanel a sair de Salônica. Ele procurou cidades portuárias para se estabelecer. Primeiro tentou Atenas, depois Marselha, onde foi vendedor de pistache, mal sucedido buscou a América, e na América, o Rio de Janeiro, aí continuou como vendedor de um lojinha de artigos para turistas, inseriu-se na comunidade sefardita de origem turca, onde conheceu Rebecca Caro. Desse casamento tiveram seis filhos Senor (Silvio Santos), Léo, Henrique, Beatriz, Sara e Perla.


Desisti de continuar escrevendo, já existe uma página com tudo que se precisa ver, sobre Silvio Santos.




Fontes e Referências

Silva, Arlindo. A Fantástica História de Silvio Santos. Editora do Brasil. 5° Ed. 2000

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